Nasceu a 4ª TREVL.
Como um bom disco de vinil, tira-se com muito cuidado do envelope. Agarra-se nas bordas para não estragar. E depois põe-se a tocar. Não é digital: é melhor. E enquanto toca, a mente perde-se nas memórias que evoca ou naquelas que se procuram.
No Nepal pudemos experimentar andar pela capital de Kathmandu usando uma pequena e comum moto, de fabrico indiano: a Bajaj Pulsar 150. Contrastou com a Royal Enfield 500 que alugámos para ver o país, uma gama de moto que está muito longe do que um nepalês consegue facilmente ter acesso.
Tivemos oportunidade de viajar em modelos topo da gama, como as impressionantes R1200RT, a Z1000SX Tourer, ou a Adventure 1190. E como costuma acontecer com estes modelos, custam muito dinheiro. Essa imagem de abastança por vezes causa-me desconforto. Quando se encoraja o contacto e a conversa em viagem com quem encontramos no caminho, custa que a maior parte desses encontros terminem a pedir dinheiro. Sinais dos tempos, dirão. Muitos optam por motos mais discretas para percorrer o Mundo, por que lhes confere um discrição, um low-profile, baixa as defesas das gentes nos locais que visitam. Por exemplo, a discrição da Africa Twin do Paulo Sadio Jorge na sua viagem pela América do Sul permitiu-lhe safar-se de um pequeno aperto.
Uma das protagonistas desta edição é a família das XT e XTZ. Têm voz os donos e viajantes que participaram no nosso “Power to the People”, dando-nos a possibilidade de analisar alguns dos modelos desta popular raça de viajantes. Porque viajaram em XTs, juntam-se as viagens da II Expedição “Menina da Lua” entre Maputo e Benguela e do Matej pelo Sul de África, que nos conta como a música o apaixonou pelo lusófono país de Moçambique.
Assim é uma TREVL, onde não “gira-o-disco-e-toca-o-mesmo”.